Pular para o conteúdo principal

Carta aos adolescentes

Hoje, 1 de setembro de 2013, às quinze horas e vinte e quatro minutos, eu – Hane, escrevo esta carta em nome de milhares de adolescentes que sei, estão passando pela mesma dificuldade. Não me refiro a dificuldade financeira, mas a de poder se expressar, dizer o que sente e o que mais lhe atormenta.
São nessas horas, que um adolescente como eu, deve ter um apoio, alguém que possa ouvir sem questionar, opinar se necessário. Em uma família “bagunçada” como a minha, é difícil ter “voz”. Tenho a sensação de que só existe eu e eu. Nunca pensei que ter desesseis  anos seria tão complicado, pois nessa fase da vida tão “maravilhosa”, como dizem por ai, é que se encontram as maiores barreiras. Se agora escrevo o que sinto é porque não tenho absolutamente ninguém que eu possa contar para poder me ouvir.
Meus pais estão próximos a mim, mas não conto com eles para essas coisas, porque quanto mais eu falo menos eles tendem a vir a me entender. Já conversei várias vezes com minha mãe, mas sem sucesso.  Algumas vezes planejei atentar contra minha vida, buscando alívio para minhas angústias, mas não prossegui com os planos porque sei que a vida vale a pena.
Dizem que os professores são pessoas que podemos contar, uma vez que possuem um certo preparo para lidar com situações que envolvam crianças, adolescentes e até adultos pois estudaram para isso. No entanto, são tantos conteúdos para serem explicados, tarefas para corrigir, indisciplina, que eles sonham, talvez mais do que os alunos, com o toque do sinal indicando o final da aula. Hoje, por incrível que pareça, contei algumas coisas da minha vida para minha professora, na tentativa de que alguém me escutasse. Ela me ouviu, mas foi pouco o tempo que tínhamos para conversarmos. Daí, recorri a carta.
Às vezes os pais pensam que os filhos pedem dinheiro para sair, ir a um outro lugar só para não ficarem em casa com eles (os pais), apesar de saber que os filhos fazem isso mesmo, nem sempre é verdade. Há momentos que saímos de casa na tentativa de encontrarmos algo ou alguém que possa preencher o espaço vazio deixado pelos pais na vida dos filhos.
Talvez, se um dia fosse possível um pai ou uma mãe entender o seu filho ou filha, com certeza, não existiria tantos garotos e garotas no mundo maligno. Entendo que o custo de vida está alto, que a mãe precisa trabalhar para ajudar no orçamento doméstico e que tudo que os pais fazem, tem o argumento que é por e para nós, os filhos. Entretanto, nós, que somos a razão da vida dos pais, precisamos de coisas que o dinheiro não pode pagar.
Um dia eu ouvi que hoje é mais fácil um gay, pedófilo, traficante dizer “eu te amo” do que os pais se declararem para seus filhos e começo a acreditar nessa afirmação.
Minha mãe sempre fala que “os pais não são para a vida toda” e eu penso comigo mesmo: “nem os filhos”
Escrever foi a forma que encontrei para expressar minha opinião, o que estou sentindo, mas aviso logo, palavras em um papel não conseguem demonstrar o verdadeiro sentimento que se quer transmitir...

Bem Galera... essa não é a minha realidade.. quer dizer.. mais ou menos, tem sim muitas coisas que tenho vontade de conversar com alguém e não posso, na verdade não sou só eu, são todos os adolescentes, por isso que o titulo é "Carta aos adolescentes". A partir do momento em que deixamos de ser criança toda a nossa vida se complica, é amores não correspondidos, pais que reclamam de tudo que fazemos, planos que não dão certo, enfim nossa vida vira uma "bagunça", completamente diferente de quando eramos crianças que só precisavamos brincar para ser feliz.
   Isso é tudo pessoal!


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estar sozinha é bom, mas se sentir sozinha é desgastante.

 Voltando com isso aqui mais de um ano depois... Vocês sabem que nunca é um adeus, eu sempre volto a enlouquecer. Desta vez, voltei mais por questões terapêuticas, tentar organizar a bagunça que está o meu cérebro, para que quando eu voltar para a terapia eu saiba pelo menos explicar as coisas de maneira menos confusa, porque o que tem me definido nestes últimos dias é confusão.. Quero começar falando sobre o tanto que eu tenho me sentido sozinha nesses últimos tempos, e eu já até sei o que vão falar, "a gente tem que se sentir bem com a nossa própria companhia", "faz bem estar sozinha", e todo esse papo que a gente já conhece, mas não é que eu não goste da minha própria companhia, eu amo ficar sozinha, e na maioria das vezes até prefiro, mas eu passei tanto tempo "aproveitando a minha própria companhia" que eu acabei sem ninguém.  Recentemente (não tão recente assim, de acordo com pessoas normais), eu passei por uma desilusão amorosa bem traumatizante e t...

A sensação mais estranha que eu já senti

 Oi amorzinhos! Eu falei que no próximo post continuaria falando sobre minha vida no âmbito familiar, mas vou deixar para outro dia porque tem coisas mais bizarras acontecendo. Estou me sentindo como se tivesse sido desligada, não tem nada acontecendo dentro de mim, tudo está muito sem graça e não importa o que aconteça eu só aceito e não sinto nada a respeito. Eu nunca senti nada parecido e é tão estranho que fica até difícil de descrever essa sensação. Talvez eu só tenha cansado de lutar e meu interior finalmente entendeu isso. Estou cansada de procurar a felicidade em diferentes lugares e sempre acabar me frustrando, então é melhor só continuar o fluxo da vida esperando Deus sentir pena e me puxar. Quando eu faço assim parece fácil só ir seguindo a vida, mas acredite, é péssimo e da mais vontade ainda de morrer, afinal porque eu vou querer existir se o mais sentido da existência é viver? (Nossa essa frase ficou show, vai para o twitter) Tem gente que fala que eu deveria fazer al...

Alguém me diz o que há de errado em mim..

 Você já quis ser alguém diferente? Não sei, acordei pensando nisso. Sempre valorizei muito a minha essência, sempre quis ser eu mesma apesar das constantes criticas e pedidos para que eu fosse uma pessoa diferente. Eu sempre fui fascinada por teatro, por atuações, sempre achei incrível o fato das pessoas poderem se passarem por outra pessoa, nem que fosse por algumas horas, elas podem voltar ao personagem várias vezes. Já criei muitos personagens na minha mente, principalmente na época da escola, aquela personagem padrão né.. Eu tinha o namorado mais gato, tinha o corpo incrível, era muito gata e todos me queriam. Era gostoso ao menos sonhar que eu era uma pessoa desejada. Com o tempo essa personagem ficou batida e não tinha mais graça, sem contar que ficava exaustivo viver duas realidades completamente paralelas. Foi ai que eu quis me tornar aquela garota com qual eu sonhava em ser, mas não era fácil, minha mente sempre me repreendia dizendo que eu deveria ser eu mesma. E foi iss...